segunda-feira, setembro 20, 2004

no I've never forgotten

On a rooftop in Brooklyn
At one in the morning
Watching the lights flash
In Manhattan
I see five bridges
The Empire State Building
And you said something
That I've never forgotten

Memória é realmente uma coisa estranha.
A minha adora me supreender em dias chuvosos como o de hoje.
Eu amava dias de chuva.
Em uma epóca todas as boas notícias chegavam com a chuva.
Hoje em dia ela só traz água.
Não tô me lamentando, nem nada.
É só um humilde comentário.
Dessa humilde moça, fadada a uma memória que não esquece.

We lean against railings
Describing the colours
And the smells of our homelands
Acting like lovers
How did we get here?
To this point of living?
I held my breath
And you said something

Coisas que me trariam algo de bom:
Fórmulas matemáticas, regras de acentuação e coesão, calculo de vetores, características das Briófitas...
Pra isso é só bater um ventinho, e puff, elas já desapareceram.
Não adianta querer apagar certas coisas da memória.
Cada vez fica mais claro,
por mais que se queria, tem coisas... que nada arranca de dentro de nós.
Amores, cores, cheiros, sensações, desilusões, sorrisos, palavras e situações.
Parecem insuperáveis.
Um jeito de passar a mão no teu nariz, um sorriso bobo, depois que tu disse a maior besteira do universo.
Cantar num lugar cheio, ignorando a presença dos outros, como se o resto do mundo fosse irrelevante.
E durante algum tempo, foi.

And I'm doing nothing wrong
Riding in your car
The radio playing
We sing up to the eighth floor
A rooftop, Manhattan
At one in the morning

Certas coisas vão tão rápido o quanto vieram.
E por algum motivo inexplicável, são perpetuadas pela memória.
Que de teimosa, insiste em não esquecer.
Por mais que se peça, reze ou faça promessa.
Memória reflete seu dono.
Não ouve ninguém.
Não briga, no entanto, só faz o que bem entende.
Insiste em levar-me longe....
Longe das capitais, pra outros carnavais.
Em que eu, fantasiada de palhaça, vi a banda passar.

And you said something
That I've never forgotten
You said something
You said something
You said something
That was really important

Quando me pego nas armadilhas da minha memória, me pergunto sempre:
se assim, alguém pensa em mim.
Espero que não!
E se sim,
que me perdooe.
Juro que não tinha a intenção.

PJ Harvey - You said something

4 comentários:

Anônimo disse...

Maravilhosa tua poesia. As palavras parecem gotejar no vidro opaco das minhas retinas, fazem um estranho e ainda assim sonoro ritmo, que realmente dá a impressão de estar sob uma chuva perene, não apenas a que cai do lado de fora do teu quarto, também uma outra, que é como saísse do teu peito. E essa chuva também é a memória, fina e persistente, a molhar cabeças de desavisados. Um comentário geral: adoro tua mescla de palavras com músicas. Dá a impressão que tu escuta elas com um ouvido interior.
nieux lezer

Anônimo disse...

Maravilhosa tua poesia. As palavras parecem gotejar no vidro opaco das minhas retinas, fazem um estranho e ainda assim sonoro ritmo, que realmente dá a impressão de estar sob uma chuva perene, não apenas a que cai do lado de fora do teu quarto, também uma outra, que é como saísse do teu peito. E essa chuva também é a memória, fina e persistente, a molhar cabeças de desavisados. Um comentário geral: adoro tua mescla de palavras com músicas. Dá a impressão de que tu escuta elas com um ouvido interior.
nieux lezer

mmmmm disse...

Oi guria, amei os escritos, cada dia melhor e mais posmoderna..hehehe (essa mistura de citacoes de letras de musica eh bem legal). Adivinha soh, consegui o emprego!!! soh q eh pra menos horas, mas tudo bem. bjos
Adri

Anônimo disse...

Não precisa pedir perdão... eu sempre soube que não era tua intenção...