terça-feira, outubro 03, 2006

stay out of trouble.

Me lembro bem da inquetação seguida da porta que se abria no começo do segundo período e só acabava pouco antes do último. Olhos que se viravam pro canto, procurando o fundo, o canto da sala. A supresa das palavras inesperadas, lembro dela também. Lembro de uma certa falta de ar, de uns suspiros compridos, dos olhos fechados que esperavam a atitude que, naquele momento, eu não podia tomar. Lembro de não saber o que fazer quando o vento quente de janeiro ficou frio, frio a ponto de me fazer tremer. Eu lembro disso e de tudo que veio depois. Lembro do cabelo brilhando no ar do verão. Lembro das mãos sempre quentes no inverno. Até do azul congelado dos olhos que me diziam coisas nas quais não acreditava, ou pelo menos não queria acreditar, eu lembro. Lembro como se fosse ontem. Lembro de quando a última coisa que queria era lembrar e as benditas lembranças estavam em todo o lugar: na rua que atravessava, na porta da sala, na piada batida, no frio do pés, na chuva fina, nos livros que não li. Lembro de quando lembrar tinha sempre aquela tristeza doída que mora em toda a história sem fim.

Lembranças podem até ser parecidas, mas nunca é igual a maneira com que elas foram sentidas. Por isso que eu não esqueço.






Eu bem que queria, mas algo me diz que gente nunca vai ser amigo.

4 comentários:

Anônimo disse...

Bah!!!

Passei por algo parecido. Acho...

Cereja disse...

eu já disse que tu escreve muito bem?

pois bem, está dito.
Se a srta. passar dessa vida sem escrever um livro, ao menos um conto, será uma perda....

Anônimo disse...

Minha máquina fotográfica sumiu... Fico devendo.

Anônimo disse...

eu tô vagando aqui por uma hora eu acho. comentei aqui porque o texto é lindo, e os seus posts mais antigos quando voce mesclava as músicas são incríveis. adoorei :)