segunda-feira, outubro 24, 2005

histórias pra boi dormir I

é perfeito:

O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço.
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser... E o resultado?

Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

(Álvares de Campos)

O final não é feliz.
Não sou cinderela, nem você é príncipe encantado.
e pra ser sincera, o lobo mau anda me parecendo muito mais animado.
vou é cuidar da vovózinha que ganho BEM mais.

o negócio é manter distância dos bons samaritanos.

Um comentário:

Lutti disse...

Mas que cansaço é esse Princesa Roxa? Deixa a vovó por conta que ela já conhece a história. Mas sentada na abóbora é que Cinderela perde a festa. Bota a borralheira pra dançar. O princípe que corra atrás do sapatinho.
Samaritanos bonzinhos? Isso sim é história pra boi dormir. Inquisição neles!